Transtorno do espectro do autismo (TEA)

Transtorno do espectro do autismo (TEA)

O qué?

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou atividades repetitivas ou restritas.

Apesar dos sintomas do TEA serem mais facilmente identificados entre 12 e 24 meses de idade, já podemos observar alguns sinais no primeiro ano de vida. Segundo a Sociedade Brasileira de pediatria (SBP), os principais sinais são:

  • Perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social;
  • Não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente;
  • Não apresentar sorriso social;
  • Baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado;
  • Baixa atenção à face humana (preferência por objetos);
  • Demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas;
  • Não seguir objetos e pessoas próximos em movimento;
  • Apresentar pouca ou nenhuma vocalização;
  • Não aceitar o toque;
  • Não responder ao nome;
  • Imitação pobre;
  • Baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta)
  • Interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores;
  • Incômodo incomum com sons altos;
  • Distúrbio de sono moderado ou grave;
  • Irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação;

Por que isso acontece?

Primeiro é importante você entender que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que varia muito, desde quadros leves até quadros severos, com deficiência intelectual e comprometimento grave da linguagem funcional. Não existe um motivo específico que justifique a ocorrência do autismo, mas o que a gente sabe é que é um distúrbio de interconexão entre os neurônios.

FATORES DE RISCO

O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais.

Os fatores de risco mais descritos na literatura são: história familiar positiva para autismo, prematuridade, baixo peso ao nascer, não suplementação de ácido fólico na gravidez, idade parental avançada (mãe acima de 35 e pai acima de 40), uso de ácido valpróico na gestação, insultos de asfixia durante a gestação e no momento do parto.

DIAGNÓSTICO

Primeiro conceito: o diagnóstico é multidisciplinar sempre!!

O médico deve associar todas as informações obtidas na consulta, com as informações de todas as pessoas que convivem com essa criança: professores, familiares, fonoaudiólogo que já vem acompanhando essa criança, terapeuta ocupacional, etc. O médico junto com esses profissionais deve reunir todas as informações para chegar no diagnóstico. Relatórios, vídeos da criança em vários ambientes… A partir disso, usamos o DSM-V.

Quais escalas são usadas na investigação? Testes neuropsicológicos e escalar de avaliação de linguagem e comportamento: 

  • ADI-R (Autism Diagnostic InterviewTM Revised)
  • ADOS-G (The ADOSTM – Generic)
  • GARS Gilliam Autism Rating Scale- Second Edition
  • Childhood Autism Rating Scale (CARS)
  • Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT-R)

O diagnóstico tardio e a consequente intervenção atrasada em crianças com TEA causam prejuízos no seu desenvolvimento global.

COMORBIDADES ASSOCIADAS

Transtornos de ansiedade, fobias, transtornos de separação, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), tiques motores (de difícil diferenciação com estereotipias), agressividade e auto-agressividade, TDAH (77% dos casos), TOD, deficiência intelectual, apraxia da fala e outros transtornos da linguagem, transtornos do processamento sensorial, doenças genéticas (X frágil, Williams, esclerose tuberosa), seletividade alimentar, epilepsia, dispraxia, alterções da marcha.

TRATAMENTO

O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce com uma equipe multidisciplinar. São usadas um conjunto de modalidades terapêuticas que buscam aumentar os repertórios cognitivos e funcionais do paciente, a comunicação verbal e não verbal.  Dentre elas, temos:

  • ABA: Análise do Comportamento Aplicada: consiste na aplicação da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e reforçador com o objetivo de melhorar o comportamento significativo e reduzir os comportamentos indesejáveis.
  • Estimulação Cognitivo Comportamental baseada em (ABA).
  • Modelo Denver de Intervenção Precoce para Crianças Autistas: estimulação intensiva e diária baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA)
  • Coaching Parental: treinamento dos pais.
  • TEACCH: Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Deficiência de Comunicação Relacionada: programa que combina diferentes materiais visuais para organizar o ambiente físico por meio de rotinas. Esse método visa a independência e o aprendizado.
  • PECS: Sistema de Comunicação por troca de figuras: método de comunicação alternativa por meio de troca de figuras. Pessoas com autismo que não conseguem desenvolver a linguagem falada utilizam dessa ferramenta como meio de comunicação.
  • Terapia sensorial

Atualmente temos 4 milhões de autistas na população e 2 milhões dessas pessoas que nao estão inclusos no mercado de trabalho. Essa é a consequência do não reconhecimento e do tratamento tardio, deixando passar a fase do desenvolvimento em que o cérebro é plástico e maleável.